A tragédia do Rio Grande do Sul ganhou destaque nacional e até internacional, e as mudanças climáticas são a principal causadora desse fato. Em entrevista à Rádio Menina nesta terça-feira, 7, o professor e pesquisador da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Marcus Polette, explicou o que deve ser enfrentado nos próximos anos.
Segundo o pesquisador, o que aconteceu no estado gaúcho é reflexo das mudanças climáticas. Desde a Revolução Industrial, na metade do século XVIII, o planeta sofre com o despejo de toneladas de dióxido de carbono e metano na atmosfera, e isso tem acelerado o processo de aquecimento global.
“O planeta tem aquecido de uma forma muito impressionante. Hoje chegamos a uma taxa de 1,5°C acima do que era na Revolução Industrial. A última vez que tivemos uma temperatura que oscilou entre 6°C acima e 5°C abaixo, foi há 3 milhões de anos, e o que estamos fazendo agora, é aumentar a temperatura do planeta em 1,5°C em dezenas de anos”, explica Polette.
De acordo com o professor, os cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o IPCC, não esperavam que as consequências da mudança climática acontecessem de maneira tão rápida. “O esperado era que o incremento de 1,5°C no aumento da temperatura acontecesse em 2100, só que nós chegamos em 2023 e 2024, e a temperatura média anual do planeta já foi atingida”, destaca.
Questionado sobre as consequências desses problemas, Polette afirma que a tendência são catástrofes mais devastadoras do que as vistas no Rio Grande do Sul. Os fenômenos climáticos devem acontecer de forma mais frequente, mais intensa e muito pior. “O que vocês estão vendo no estado gaúcho e em qualquer parte do planeta, teremos que lidar com isso. Não será somente com inundações e enchentes, mas também com o aumento de temperatura, como vimos em países europeus. Essas mudanças no clima vão levar algumas áreas no planeta a se tornarem totalmente inabitadas”.
O que pode ser feito?
A população deve tomar precaução quanto às tempestades que ficarão mais frequentes. Os tomadores de decisões das cidades, os políticos, precisam apresentar projetos para proteção às mudanças climáticas, planos de adaptações. Segundo Polette, é preciso rever onde são colocados os recursos públicos. “Eles têm que ser prioritários na área de drenagem, manutenção da vegetação nativa e outras propostas que levam a uma maior conscientização das pessoas”, conclui.
Situação atual de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul
A Defesa Civil Estadual confirmou a morte de 90 pessoas e 132 desaparecidos. Aproximadamente 155 mil pessoas estão desalojadas. Em Porto Alegre, mais de 70% da cidade não tem o abastecimento de água e apenas duas estações de tratamento de água estão funcionando. Confira o áudio com as informações da repórter Vanessa Pedroso, da Rádio Guaíba, de Porto Alegre.
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