O conflito entre o Hamas e Israel, no Oriente Médio, pode pressionar uma alta internacional do petróleo. Em declaração na última semana, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que o conflito deve mexer no preço internacional, mas que vai trabalhar para manter os preços dos combustíveis no Brasil.
O professor Daniel da Cunda, mestre em Relação Internacional, confirma a possibilidade, mas garante que a pressão internacional de aumento não deve ser a mesma identificada durante o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, em que os barris chegaram a US$ 130. O que significa que em um primeiro momento, a pressão não deve atingir produtos como gás de cozinha, óleo diesel e a gasolina, por exemplo.
“Diante da declaração do presidente [da Petrobras] é de fato uma pressão por aumento internacional. Na semana passada o petróleo fechou em mais de US$ 90 o barril, já no início desta semana diminuiu para US$ 86, US$ 87 o barril, mas existe uma pressão para uma alta internacional”, explicou o professor.
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Cunda explica que apesar do conflito estar acontecendo no Oriente Médio, maior produtor de petróleo do mundo, Israel e a Faixa de Gaza não são áreas que contribuem muito para esta produção. “Israel não tem uma produção tão destacada e os poucos territórios palestinos até possuem reserva de petróleo, mas os palestinos não conseguem ter acesso devido ao controle de Israel”.
Entretanto, o professor alerta para uma questão preocupante. Segundo ele, países como o Líbano, Irã e Arábia Saudita, também do Oriente Médio, estão tomando partido do conflito. Até o momento, eles não concordam com o contra-ataque de Israel à Faixa de Gaza, que para eles é um ataque não só ao Hamas, mas a toda população Palestina.
“Nesse sentido o ocidente reage, os Estados Unidos já deram posições de desagrado sobre essa postura do Irã e da Arábia Saudita. Então esse cenário pode impactar a produção e distribuição mundial do petróleo”.
Previsões futuras:
De acordo com Cunda, os relatórios apontados pela Agência Internacional de Energia dão conta que a demanda por petróleo deve atingir seu máximo neste final do ano de 2023. “A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) reduziu a sua produção, então diminui-se a oferta e aumentam os preços”.
O professor identifica que o conflito pode pressionar os preços para cima, mas não forte o suficiente para provocar reajuste nos preços no Brasil. Porém, caso o conflito se estenda e passe a envolver outros países que não Israel e Palestina, é possível que no primeiro semestre de 2024, haja um aumento significativo à nível nacional, que pode impactar os preços do óleo de cozinha, diesel e a gasolina.