Na tarde de sábado, 17, um grupo de professores da Frente de Luta Pela Educação Pública de BC (FLEBC) protestaram em Balneário Camboriú. Na chamada do protesto, o grupo afirma que “é pelo piso e muito mais”.
Em conversa com um dos integrantes da Frente, professor Joacy Ghizzi Neto, ele afirma que esta foi a primeira manifestação pública do grupo, mas que a luta vinha acontecendo há tempo dentro da Secretaria de Educação e do sindicato dos servidores públicos.
“Nós temos enfrentado dificuldade em criar uma agenda de debate com a cidade a partir do nosso sindicato. A atual direção parece mais comprometida com a própria prefeitura do que com a categoria”, relatou.
Entre as reivindicações apresentadas pela Frente estão a criação de novas creches e escolas e o pagamento de vale-alimentação para os professores.
“A cidade cresceu, a população aumentou. Ninguém é contra o aumento da cidade, pelo contrário, mas precisamos nos preparar para isso. O Turismo se prepara, mas a Educação não tem recebido o mesmo tratamento. Tivemos uma escola destruída na cidade e nenhuma construída”.
Segundo o professor, a justificativa para o não pagamento do vale-alimentação seria a faixa salarial da categoria. Entretanto, Neto afirma que dentro da categoria há diferentes salários, que não condizem com a média apresentada pela Secretaria de Educação.
“Quando o secretário de Educação utiliza uma média salarial para justificar essa falta do vale-alimentação, tem uma distorção muito grande dos números. Parece que foi feita em cima do salário de janeiro e todo mundo sabe que em janeiro entra um terço das férias, e esse não é o nosso salário mensal. Também em janeiro não tem todos os professores ACTs, temporários. Tem efetivos antigos que já foram diretores, por exemplo, então tem sim professor que ganha R$ 20 mil, mas isso está longe de ser a realidade da categoria”.
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De acordo com o professor, foi aprovado por contagem de votos, em assembleia, uma paralisação de um dia ainda em 2023. Entretanto, segundo Neto, a direção do sindicato marcou uma nova assembleia em um domingo de manhã, 19 de março do ano passado, e reverteu a decisão da paralisação definida pela antiga assembleia.
Sendo assim, o professor Neto conta que foi criado, durante as férias escolares, um grupo social independente para realizar as manifestações da categoria, sendo vendidas 130 camisetas da Frente até o primeiro ato.
“Foi preciso dar um salto novo. Agora esse movimento é independente, é autofinanciado. Quer dizer, para cada material que produzimos nós fizemos uma vaquinha, cada professor contribuiu com o que pode”.
Outros dois atos estão programados: o segundo para o dia 16 de março e o terceiro para o dia 13 de abril. “Essa é mais uma evidência da nossa autonomia. Por uma infeliz coincidência, nós nascemos em um ano eleitoral e a primeira acusação que vão fazer é que nós teríamos interesse políticos. Mas a nossa agenda é própria. Quem nos acusa é que faz parte da vida partidária da cidade”.
O que diz o secretário de Educação:
A reportagem da Rádio Menina entrou em contato com o secretário de Educação Marcelo Achutti, que afirma ter sido um movimento político. Além disso, Achutti comenta que algumas das reivindicações já foram atendidas por parte da prefeitura e que está à disposição dos professores que ali estiveram presentes sem cunho político.
“Grande parte dos integrantes estavam reunidos antes mobilizando os profissionais dentro da sede do PT, querendo vincular uma pauta positiva para uma pauta política. Entendo que alguns dos integrantes não estavam no almoço [do PT], mas quero me colocar à disposição, pois acredito que grande parte tinha professores do nosso quadro, que todos eles podem nos procurar ou procurar o sindicato dos servidores públicos para fazer algum debate”, disse o secretário.
Em nota, a Frente de Luta Pela Educação Pública de BC afirmou que “não identifica o cumprimento prático pela prefeitura de nenhuma reivindicação”.
Confira a nota:
“São oito anos de governo sem interesse em nos oferecer um vale-alimentação, em cumprir promessa de campanha para eleição da direção escolar, em pagar o FGTS de direito para os ACT’s, nem de construir novas escolas, e muito menos de rever a própria lei criada pelo governo e apravada pela Câmara que destruiu o plano dos novos e próximos efetivos.
Por fim, o movimento enfatiza seu caráter autenticamente independente e autônomo, sendo mais uma vez desonesta a associação feita pelo secretário entre o Ato Público do dia 17/02 com um evento festivo de um partido político no mesmo dia. Nossa manifestação estava sendo organizada desde o ano passado, e não temos nenhuma relação com qualquer partido político, nem com o partido do sr. Marcelo Achutti, o MDB“.