Em 1,2 mil quilômetros percorridos de helicóptero, 225 baleias-francas (110 mães, acompanhadas de filhotes, e cinco adultas sozinhas) foram avistadas no monitoramento aéreo realizado entre os dias 15 e 18 de setembro. Os sobrevoos cobriram o auge da temporada das baleias-francas nos litorais de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.
As baleias-francas são uma espécie ainda ameaçada de extinção no Brasil, e conta com uma população estimada em cerca de 500 indivíduos e uma taxa de crescimento de 4% ao ano. No estado de Santa Catarina, os locais que mais receberam a concentração desses animais foram a praia de Ibiraquera, em Imbituba, e a praia do Mar Grosso, em Laguna. Em Florianópolis, as baleias foram visualizadas nas praias da Joaquina e Moçambique.
No Rio Grande do Sul, a maior quantidade de baleias-francas foi anotada entre as cidades de Capão da Canoa e Tramandaí. O estado do Paraná não teve registros, entretanto, o trecho entre Guaratuba (PR) e São Francisco do Sul (SC) teve o monitoramento interrompido por conta de um nevoeiro marítimo que prejudicou a operação. A cidade de Balneário Pinhal, no Rio Grande do Sul, foi a localidade mais ao sul do país em que se teve registro das baleias.
A pesquisa é uma iniciativa da Expedição Baleia-Franca, em ação conjunta com o Programa de Monitoramento das Baleias-Francas da SCPAR Porto de Imbituba (SC) e do Projeto Franca Austral (ProFRANCA), realizado pelo Instituto Australis, com patrocínio da Petrobras.
No ano de 2020, a expedição cobriu uma área semelhante, na qual foram registradas apenas 42 baleias-francas. Em 2022 foram contabilizadas 228 baleias-francas. Desde o início do monitoramento, na década de 1980, o maior número registrado foi em 2018, quando 273 baleias foram avistadas.
De acordo com o gerente de pesquisa do ProFRANCA, Eduardo Renault, esse foi um período com número de baleias acima da média em relação aos anos anteriores e alguns registros foram um pouco fora de padrão habituado. “Em relação aos anos anteriores, foi um período com um número de baleias acima da média, próximo do número registrado em 2022. O padrão de distribuição esteve semelhante, mas o interessante foi ter poucas baleias em enseadas tradicionais do trecho norte da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca, como a enseada da Gamboa, em Garopaba. Fugiu um pouco do padrão que costumamos registrar”.
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Além disso, Santa Catarina teve a maior concentração de baleias-francas, com registros em algumas enseadas, que é uma tendência normalmente observada nesta época. Eduardo Renault salientou que o estado catarinense tem as condições ideais para os cuidados das mães com os filhotes. “Agora a maioria das baleias já estão acompanhadas de seus filhotes, com um comportamento refletindo o fato de Santa Catarina ter as condições ideais para os cuidados das mães com os filhotes”.
De acordo com as pesquisas, durante o último sobrevoo algumas baleias conhecidas foram avistadas, como a ‘zebrinha’, que teve um filhote semi-albino neste ano e é catalogada com o número B194, conhecida desde 2002. Além da zebrinha, foi visualizada uma delas que, no dia 2 de setembro foi vista na praia do Moçambique, em Florianópolis, com um pedaço de rede de pesca preso à cabeça. Desta vez, a baleia estava livre. Confira o momento em que a baleia zebrinha é avistada com o seu filhote semi-albino:
O que realmente chamou a atenção dos pesquisadores foi a aparição de uma rara baleia semi-albina fêmea. De acordo com a pesquisa, as ocorrências de baleias-francas semi-albinas tem sido registradas no Brasil, entretanto, são raras as baleias fêmeas com esta característica. Foi a primeira vez que uma baleia semi-albina fêmea é localizada no litoral brasileiro. Veja o vídeo da primeira baleia-franca semi-albina fêmea vista no Brasil.
As fotos, feitas pela equipe de monitoramento aéreo, vão ser utilizadas na identificação das baleias adultas. É possível identificar uma baleia pelas calosidades que ficam sobre sua cabeça, únicas para cada animal, como se fosse uma impressão digital.
As baleias-francas
A baleia franca é um mamífero marinho do gênero Eubalaena, que inclui três espécies que se diferenciam pelo local onde vivem.
As espécies Eubalaena glacialis e Eubalaena japonica, também conhecidas como baleia franca do atlântico norte e baleia franca do pacífico, respectivamente, são encontradas no hemisfério norte.
A espécie Eubalaena australis (baleia franca austral), vive no hemisfério sul e é a mais popular, estimando uma população atual de aproximadamente 7 mil exemplares. As baleias que vem ao Brasil, são desta espécie.
As baleias francas são animais de grande porte, podendo chegar a 17 metros. Elas possuem corpo preto, arrendondado e manchas brancas irregulares no ventre. Seu corpo é composto por uma camada espessa de gordura, que auxilia o controle da temperatura. Além disso, a boca é curvada e possui cerca de 250 pares de cerdas de barbatana que auxiliam no processo de filtrar o alimento, visto que elas nadam de boca aberta para adquirir os organismos.
