A atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante as manifestações com bloqueios nas rodovias catarinenses foi alvo de críticas e elogios. Desde o dia 30 de outubro dezenas de estradas tiveram o trânsito interrompido, como forma de protesto pelo resultado das eleições presidenciais.
Muitas pessoas contrárias aos protestos cobraram atitudes mais enérgicas da PRF, logo nos primeiros dias de bloqueio, por outro lado grupos ligados as manifestações relataram o uso excessivo da força durante a liberação das rodovias. Segundo o chefe do núcleo de comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Santa Catarina, Adriano Fiamoncini, a doutrina policial exige o uso progressivo da força na medida em que as negociações não avançavam.
“Era isso que a PRF começou a fazer já no domingo à noite dia 30 de outubro, na segunda, dia 31, muitos locais foram liberados assim com base apenas na negociação, mas a medida em que a crise se agravava não foi mais suficiente apenas a negociação, então aí sim a PRF teve que mobilizar a tropa de choque, porque a força física tem que ser a última alternativa quando todas as negociações não dão certo, como última tentativa é que é usada a força, isso que as pessoas não compreendem, elas queriam que a tropa de choque da PRF agisse desde o primeiro minuto e não é assim que a coisa funciona, muitas pessoas poderiam ter ficado feridas, policiais inclusive, se a coisa fosse precipitada dessa forma. Não é fácil ser policial no Brasil, a gente é criticado por tudo quanto é lado, se faz alguma coisa é criticado, se não faz, se demora para fazer também é criticado, a gente está acostumado com isso, seguimos fazendo nosso trabalho de forma profissional e o importante é que as rodovias nesse momento estão liberadas para o fluxo de veículos e de pessoas”, desabafou.

O efetivo de apenas 600 agentes da PRF, em Santa Catarina, também foi um fator apontado por Fiamoncini na dificuldade de liberar os bloqueios que chegaram a atingir 75 pontos simultâneos nas rodovias catarinenses durante o auge das manifestações.
Os protestos na sua grande maioria ocorreram pacificamente, porém em algumas regiões houve confronto entre policiais e manifestantes. O mais recente e um dos mais violentos aconteceu na BR-470, em Rio do Sul, na tarde de segunda-feira, 7, quando dois policiais ficaram feridos e um homem acabou sendo preso durante a liberação da rodovia.
“Apesar de todas as negociações, os apelos, eles insistiam em bloquear a rodovia com uma pauta de reivindicações impossível de ser atendida, então a PRF teve que usar a força com um inestimável apoio da Polícia Militar de Rio do Sul, a rodovia foi fechada pelos manifestantes às 10h, e somente às 15h30 a PRF conseguiu abrir a rodovia, tentávamos identificar os manifestantes para cumprir a ordem judicial, e aplicar a multa de R$ 10 mil por CPF e R$ 100 mil por CNPJ, nesse momento da identificação os policiais foram desacatados, dois policiais foram agredidos com barras de ferro, sofreram lesões na cabeça, nas mãos e braços e um homem de 37 anos foi preso e levado à Polícia Federal, em Itajaí, pelo crime de agressão, lesão corporal, tentativa de homicídio e desobediência também”, relatou.
Além dos confrontos com manifestantes e o prejuízo que os bloqueios causaram na movimentação de veículos e cargas, uma colisão entre dois caminhões na quinta-feira, 3, durante o bloqueio da BR-101, no município de Santa Rosa do Sul, acabou resultando na morte de um caminhoneiro.