Desde 2016, o hospital Marieta Konder passou a realizar transplantes de córneas pelo Sistema Único de Saúde. De lá pra cá, foram 130 operações feitas; entre elas, a de Raquel Ghizoni Argenta, que diz ter passado por uma grande transformação. Com visão reduzida, ela passou quase três anos na fila de um transplante para voltar a enxergar. Foi graças a uma córnea transplantada no Hospital Marieta que Raquel renovou – literalmente – seu olhar para a vida. Cirurgias de alta complexidade como estas são realizadas desde 2011 no principal hospital da Foz do Rio Itajaí. E os procedimentos já chegaram a 134 pacientes, gente que voltou a enxergar depois do trabalho realizado pela equipe baseada em Itajaí.
“De 2016, quando passamos a ter um novo olhar sobre esse trabalho em relação aos transplantes de córnea, já tivemos mais de 130 pacientes. É mais de uma centena de procedimentos que mudaram a vida de pessoas das mais variadas idades e que deixaram de enxergar pelos mais diferentes motivos”, fala o doutor Fernando Malfatti, médico responsável pelo serviço de transplante de córnea e ambulatório. Ele comenta que atualmente são 42 pacientes ativos, que estão aguardando a chegada de um órgão para fazer o transplante.
O médico conta que as córneas chegam via rede estadual de captação e o critério para entrar na fila de espera é técnico. Segundo ele, quando o paciente é atendido no ambulatório e fica definido que necessita de transplante, são solicitados os exames que são avaliados e depois disso é feita a inserção na fila nacional.
A oferta de córnea é enviada pelo Sistema Nacional de Transplantes por e-mail ao ambulatório. “Assim que recebemos a informação, disparamos aos médicos que podem dar o aceite ou recusa com duas horas de prazo. Se aceito, é realizada logística pela equipe de oftalmologia do ambulatório em parceria com os hospitais de olhos de Florianópolis ou Joinville”, reforça.
Tão logo a logística for definida, são informadas data e hora para o motorista do Hospital Marieta fazer a coleta na rodoviária. Depois disso, a córnea fica armazenada até o dia do transplante. “Após a cirurgia, o acompanhamento é realizado em nosso ambulatório por tempo indeterminado”, completa o doutor Fernando.
Raquel também explica que o transplante, para ela, é um sinônimo de possibilidade e de enxergar, literalmente, a vida de outra forma.
“O transplante para mim foi sinônimo de possibilidade, de esperança. Antes a vida era resumida em vultos embaçados, sem cor ou forma. Coisas simples para os outros, tonavam-se um desafio para mim. Lembro bem do quão assustador foi saber que a única solução para o meu caso naquele momento seria o transplante, mas também me lembro da sensação de quando abri os olhos pela primeira vez após o procedimento: o céu era mais azul do que eu lembrava e o pôr sol mais potente do que eu imaginava. Me emocionei ao ler algumas palavras, porque aquilo era tudo que eu sonhava. Faz um ano que realizei o transplante de córnea do olho esquerdo e um mês do olho direito. A cada dia a vida tem se tornado mais nítida, colorida, brilhante e vibrante. Sou muito grata por ter tido essa oportunidade e também por toda equipe da oftalmologia do hospital, principalmente o doutor. Fernando, sensível, empático, competente e sempre prestativo. Eles fizeram a diferença nesse processo”, finaliza.
Leia mais: