Uma reta final acirrada marcou a chegada dos dois últimos barcos que disputavam a terceira etapa da Ocean Race, a Fórmula 1 dos mares. Pouco mais de 20 milhas náuticas, o equivalente a 37km, separaram as duas equipes. Por volta das 6h desta quarta-feira, 05, a estadunidense 11th Hour Racing atracou na Vila da Regata de Itajaí e garantiu o terceiro lugar. Às 8h20, foi a vez do time francês Biotherm receber o carinho do público que aguardava pelos velejadores no píer.
Os velejadores enfrentaram mais de 37 dias no mar na maior e mais difícil etapa da história da Ocean Race. Ao todo, foram 12.750 milhas náuticas, cerca de 20 mil quilômetros, entre a Cidade do Cabo, na África do Sul, até Itajaí. As equipes largaram no dia 26 de fevereiro.
Para o capitão da 11h Hour Racing, Charlie Enright, toda equipe está muito orgulhosa da corrida, principalmente pelo fato de o barco chegar até Itajaí na maior etapa da história.
“O Brasil é sempre a nossa meta, é bom estar aqui como em nenhum outro lugar no mundo. Mesmo com os problemas que a gente teve no caminho, que acabaram nos desacelerando, foi uma chegada incrível. Uma impressionante sensação de dever cumprido, não somente pelos tripulantes, mas também pela equipe de terra”, destacou o capitão após atracar na cidade.
Durante o percurso até o Brasil, os velejadores lidaram com muitos problemas para conseguir finalizar a prova. A Biotherm, por exemplo, registrou nesta reta final danos em uma vela, um vazamento no casco, problemas no sistema hidráulico e nos instrumentos de sopro. Apesar disso, seguiram a busca pelo pódio até a reta final.
“Ontem foi muito emocionante, porque parecia possível a gente passar o outro barco, mas aí perdemos velocidade. Tínhamos apenas um foil, a quilha e o medidor de vento não estavam funcionando. Foi muito difícil velejar, mas a gente nunca desistiu, fizemos o possível”, relatou o capitão da Biotherm, Paul Meilhat.
Com as últimas duas chegadas, o ranking geral da Ocean Race 2023, na classe IMOCA, que designa iates à vela monocasco de classe de desenvolvimento de 60 pés, segue líder a equipe Holcim-PRB (SUI), com 19 pontos. Na sequência estão os times: Malizia (ALE), com 14 pontos; 11th Hour Racing, com 13 pontos; Biotherm, com 10 pontos; e Guyot environnement (FRA/ALE), com 2 pontos.
Quatro dos cinco IMOCAS completaram o trajeto até Itajaí. Nesta etapa, a equipe GUYOT environnement – Team Europe (FRA/ALE) desistiu após ter um problema no casco e trouxe o barco da Cidade do Cabo até Itajaí para participar da próxima etapa da competição, rumo a Newport (EUA). A equipe chegou na Vila da Regata brasileira na quinta-feira (30) e foi recebida com carinho pelos visitantes do evento.
Além de toda adrenalina que envolve a corrida, os velejadores tiveram dois grandes desafios nesta fase da corrida: a passagem por três cabos (Boa Esperança, Leeuwin e Horn), considerados os pontos mais difíceis da prova, e superar as 12.750 milhas náuticas de aventura pelo Oceano Antártico até Itajaí. Esta foi a etapa mais longa e mais difícil da história nos 50 anos da The Ocean Race.
“A terceira etapa da The Ocean Race foi emocionante, desde a largada até a reta final. As quatro equipes que completaram a prova foram testadas ao extremo nesse trajeto e garantiram um espetáculo para os apaixonados por vela. É um orgulho para Itajaí receber os velejadores mais destemidos do planeta após uma jornada de quase 40 dias no mar”, enfatizou o secretário de Turismo e Eventos de Itajaí, Thiago Morastoni.
A largada até Newport, nos Estados Unidos, acontecerá no dia 23 de abril. O percurso terá, ao todo, 5.500 milhas náuticas. Até a partida, as equipes aceleram os preparativos para que os barcos estejam prontos a tempo para a próxima etapa.
Durante a regata de volta ao mundo, os times ainda passarão pelas cidades de Aarhus, na Dinamarca, uma rápida passada na cidade Alemã de Kiel, depois The Hague, nos Países Baixos, e por fim Gênova, na Itália.