Que tal retornar ao passado? Provavelmente você assistiu ao documentário Ilha das Flores em algum momento da sua vida escolar ou acadêmica. Esta produção audiovisual de 1989 conta a história de um tomate desde sua plantação, colheita, até ser transportado e vendido em um supermercado e apodrecendo no lixo. Além de mostrar a trajetória de um tomate, o curta apresenta a desigualdade social. E é justamente esta a função de um documentário: contar histórias e fatos, induzir debates e apresentar outro olhar sobre determinado acontecimento.
Para homenagear o cineasta e documentarista baiano, Olney São Paulo, que foi preso e torturado durante a ditadura militar, a Associação Brasileira de Documentaristas (ABD) instituiu a data de 7 de agosto como o Dia do Documentário Brasileiro. E é justamente sobre isso que quero falar hoje: documentário.
Formada em Produção Audiovisual e Jornalismo, o que me encanta nos documentários é a possibilidade de retratar outras realidades, contar histórias que outras pessoas não costumam enxergar e dar voz para quem não tem. Mas, apesar de múltiplas funcionalidades, os documentários ainda são pouco reconhecidos ou valorizados.
O cineasta e jornalista de Itajaí, Lallo Bocchino, 42 anos, acredita que a data proporciona mais visibilidade para o tema.
“O dia do documentário (7 de agosto) faz com que alguns canais da mídia divulguem trabalhos relevantes, nacionais e internacionais, abrindo para o público em geral esta linguagem tão importante dentro do audiovisual”, avalia.
Bocchino também relembra que a prática documental antecede as produções cinematográficas.
“É bom lembrar que antes do cinema ficcional que conhecemos hoje, as primeiras máquinas de captura de movimento eram usadas para gravar em linguagem documental, fatos cotidianos, como a saída da fábrica na França pelos irmãos Lumiére (o primeiro registro audiovisual da história)”. relembra.
Para quem não sabe, Santa Catarina se destaca cada vez mais no cenário audiovisual. Lallo, que atua há 20 anos no setor, comenta que o estado possui fomentos para documentaristas produzirem seus projetos.
“Aqui em Santa Catarina temos uma boa produção de documentário graças a dois fomentos públicos essenciais para esta linguagem: o PIC, Programa de Incentivo a Cultura e o Prêmio Catarinense de Cinema. Com estes investimentos é possível que documentaristas residentes no estado há pelo menos 2 anos consigam colocar suas ideias e projetos em desenvolvimento. A nível nacional também podemos acompanhar grandes obras, especialmente através dos festivais que acontecem anualmente, premiando e incentivando estes diretores a continuar fazendo seus filmes”, explica.
Santa Catarina também será contemplada com a Lei Paulo Gustavo, que irá amparar a classe trabalhadora do cinema.