O desmatamento de uma área de mata para a construção de um empreendimento de luxo causou questionamentos e indignação entre moradores de Camboriú e região. As filmagens feitas por um drone foram divulgadas na manhã de sexta-feira, 25, no programa Bote a Boca no Trombone, e levantaram dúvidas sobre a existência de licença ambiental para a supressão da vegetação no local. O empreendimento está sendo implantado próximo à Avenida Santa Catarina, em um morro no bairro Tabuleiro, em Camboriú.
As imagens mostram um homem derrubando árvores, um grande espaço já desmatado e a presença de maquinário na área. Segundo a presidente da Fundação do Meio Ambiente (Fucam), Jamile Naiara Pereira de Souza, o empreendimento possui licença ambiental e foi avaliado por diferentes técnicos antes da liberação.
A presidente informou que a empresa apresentou todos os levantamentos, solicitações e estudos exigidos, motivo pelo qual obteve autorização para a supressão da vegetação. “Infelizmente, empreendimentos de grande porte causam um impacto ambiental desagradável, não é algo que a gente queira ver, mas a legislação permite a implantação desses grandes empreendimentos, a legislação permite cortar árvores desde que cumpra com todas as exigências, estudos, compensações necessárias, e foi o que a empresa fez”.
Ainda de acordo com Jamile, todo o processo está disponível para consulta pública em uma plataforma online SinFat. Sobre a fiscalização da obra, ela afirmou que a fundação conta com uma equipe e drones para acompanhar o andamento dos trabalhos e garantir que a empresa cumpra os termos da licença ambiental.
“Então, nesse momento, o acompanhamento é para que tudo corra conforme ao que foi autorizado e não exceda as análises. (…) Eu sei que não é algo bom, mas é algo que a lei permite, porque eles cumprirão com todas as compensações necessárias”, finalizou.
O empreendimento prevê a venda de terrenos para casas de alto padrão, divididos em 70 lotes em duas fases, com áreas que variam de 600 m² a 1.200 m². A proposta, segundo a empresa, é oferecer aos moradores uma “natureza respeitada, sem deixar o conforto, requinte e arquitetura moderna de lado”.
Compensação ambiental
O empreendimento, de acordo com documento da Licença Ambiental, irá suprimir um total de 47.765,46 m² de vegetação nativa em estágio médio de regeneração, conforme autorizado.
O projeto prevê a preservação de áreas de APP, vegetação nativa remanescente e trechos com declividade acentuada dentro do terreno. Como forma de compensação ambiental, a empresa responsável apresentou a doação de uma área equivalente (47.765,81 m²) registrada na matrícula nº 8014 no O.R.I. de Camboriú. No processo, diz que será no mesmo local do morro, mas somente na Licença Ambiental de Operação (LOA) que poderá ser identificado e confirmado o local.
Além disso, deverá realizar também a doação de 5.868,24 m² de vegetação nativa ao Parque Natural da Bica, além da execução de programas ambientais voltados à proteção da flora, fauna, educação ambiental e controle de impactos durante as obras.