Andar pelas ruas e conversar com as pessoas que moram em Balneário Camboriú é uma verdadeira viagem cultural por diversos estados do Brasil e até por outros países. O crescimento é nítido e comprovado através dos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – em 2010, a cidade tinha 108.089 habitantes, 12 anos depois, os dados do Censo 2022, apontaram a chegada de 31.974 novos moradores fazendo a população ultrapassar as 140 mil pessoas.
Com base nos números do IBGE é possível afirmar que nos últimos 12 anos, a população de Balneário Camboriú ganhou em média 2.664 novos moradores por ano. Mas quem são esses rostos que deixaram e deixam diariamente a sua contribuição para o desenvolvimento do município? Escolhemos dois personagens anônimos para contar a história da importância dos migrantes e imigrantes para o desenvolvimento de Balneário Camboriú.
Segurança para criar a filha
Depois do português o espanhol com certeza é a segunda língua de Balneário Camboriú, a presença latina e principalmente argentina é grande no município, e se comprova em números, somente em janeiro de 2023, foram mais de 10 mil turistas argentinos que visitaram BC. Muitos chegam para passar férias, se encantam pela cidade e decidem viver por aqui mesmo.
Esse é o caso de Esteban Botner, 52 anos, natural de Buenos Aires, o imigrante chegou aqui como turista ainda nos anos 90, conheceu sua esposa e acabou ficando.
“Uma vez quando não tinha namorada, vim de férias só para curtir, conheci minha esposa, a gente casou e eu vim morar primeiro aqui em 1999, estava trabalhando no camelódromo da Santa Inês, vendia roupas que a minha sogra costurava, mas não deu muito certo e a gente decidiu morar em Buenos Aires”, recorda.
Praticamente 20 anos mais tarde, Balneário Camboriú voltaria a ser a casa de Esteban e sua família, ele decidiu retornar em 2020, durante a pandemia, buscando por mais oportunidades e principalmente um local seguro para criar a filha.
“Balneário é uma cidade que a gente gosta porque é segura, minha filha agora está com 15 anos, a gente veio quando ela tinha 12, há três anos para morar aqui e uma prioridade da família foi a segurança, além da economia porque lá (Argentina) a gente está passando mal e é difícil progredir, não se sabe quanto vai precisar o próximo mês para viver e aqui a coisa é mais estável” destaca.
Atualmente Esteban trabalha no Círculo Argentino em Santa Catarina, que tem sede em Balneário Camboriú, ajudando imigrantes latinos que também escolheram morar na Maravilha do Atlântico.
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Balneário Camboriú por convicção
Os vizinhos dos estados da região sul, Paraná e Rio Grande do Sul também são responsáveis por uma grande parcela dos migrantes que se estabeleceram em Balneário Camboriú. Izabel Gazina Veiga Demeterco, 65 anos, natural de Dom Pedrito, no Rio Grande do Sul, representa os milhares de gaúchos que encontraram aqui o local ideal para trabalhar e construir a família. Inclusive ela tem guardado na memória a primeira vez que esteve na ainda bucólica Balneário Camboriú dos anos 70.
“Eu conheci Balneário Camboriú em 77, a praia tinha matinho, não tinha prédios, não tinha nada, eu era uma menina, adolescente e falei que um dia iria morar nessa cidade, em 77 a gente esteve aqui em outubro, era uma cidade silenciosa, você acordava de manhã andava na praia, não tinha quase ninguém andando na praia, era uma calmaria total e a gente mais uma vez pensou, se um dia formos morar numa praia será em Balneário Camboriú”, lembrou.
O desejo da jovem Izabel se tornou realidade, em 1986, ela voltou e foi para ficar de vez.
“No dia 26 de dezembro, quando meu marido disse vamos nos mudar daqui, por ele ser de Curitiba eu falei, Curitiba eu não quero, não gostei, mas eu quero Balneário Camboriú. Eu cheguei aqui e falei, é aqui nessa cidade, e falei para ele, eu vou para Balneário Camboriú quero estudar, quero trabalhar e ter a minha família e foi assim que graças a Deus aconteceu”, conta.
BC 59 anos: turismo é propulsor do mercado de trabalho de Balneário Camboriú
Izabel considera seu trabalho como monitora em creches da cidade como sua grande contribuição para o município.
“Espero ter dado minha contribuição com muitos filhos das pessoas que construíram Balneário, porque eles moram no meu coração. Hoje eu ainda passo por algumas mães que falam, tu foste professora do meu filho, então mais fácil os pais lembrarem, do que as crianças, isso é muito gratificante”, salienta.
São 36 anos residindo em Balneário Camboriú e a resposta para quem pergunta se ela trocaria a cidade por outro lugar, está na ponta da língua.
“Não, eu quero morar em Balneário Camboriú que é a minha terra o meu chão”, finaliza.
Este é um conteúdo especial que faz parte da série produzida pela Rádio Menina em alusão aos 59 anos de Balneário Camboriú.
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