Balneário Camboriú deve ter, por mais uma temporada de verão, a balneabilidade afetada pela baixa eficiência no tratamento de esgoto, entre outros fatores. A cidade enfrenta problemas por causa do índice do Instituto do Meio Ambiente (IMA) que apontou, dos 10 pontos da Praia Central, todos impróprios para banho entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023.
A declaração para o futuro desta temporada foi dada pelo professor de Engenharia Ambiental e Sanitária, Paulo Ricardo Schwingel, que é o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Camboriú e integra o Observatório Social, que acompanha as obras junto à Emasa. Ele acredita que não será como na temporada passada, mas que há uma área muito degradada do Rio Camboriú que afeta diretamente a praia.
De acordo com o último relatório disponibilizado pelo IMA, em 23 de outubro, a cidade apresenta novamente todos os 10 pontos da Praia Central impróprios para banho. Para o diretor-técnico da Emasa, Alexandre Motta, o problema está relacionado à chuva.
“Se vocês observarem no mês anterior ao de outubro, eram somente dois pontos que estavam impróprios em Balneário Camboriú. A chuva infelizmente trouxe todo este cenário caótico, colocando os 10 pontos impróprios”, diz o técnico.
O professor não vê a chuva como protagonista para o resultado da balneabilidade. Na verdade, ele acredita que o importante para a balneabilidade é a consequência, ou seja, a condição à saúde humana. “Independente das chuvas, haver chuvas mais ou menos intensas, o que importa para a balneabilidade é a consequência, o que eu quero dizer se ta chovendo as pessoas não vão a praia, esse tipo de relação não existe, o que importa é a consequência, o que importa é a condição a saúde humana que é a balneabilidade”, afirma o professor.
Morador do bairro das Nações, Mario Lucio, frequenta a Avenida Normando Tedesco diariamente entre 10h30 e 11h. Em um relato à Rádio Menina, ele disse ter notado o cheiro do Rio Camboriú. “Não sei como os moradores ali aguentam. É cocô e urina pura, haja nariz pra aguentar”, comenta o morador.
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O que está sendo feito
O professor explica que o problema enfrentado hoje pela cidade é uma consequência de anos. “Algumas coisas não haviam sido feitas até aquele momento. Foram feitas, na época, autuações do IMA, em relação a este problema, mas o IMA considerou que não foi tomada as devidas providências e então este tema foi parar no Ministério Público de Santa Catarina”
A partir de então, com o Termo de Ajuste de Comportamento (TAC), entre o MPSC, o IMA e a Emasa, uma sequência de procedimento foi solicitada para fazer com que se tenha uma condição melhor na cidade. Em novembro de 2022 foram tomadas decisões e criado um cronograma para que a Emasa seguisse com o objetivo de fazer as adequações necessárias na Estação de Tratamento de Esgoto.
O professor também aponta ser um processo demorado, pois em muitas partes das melhorias é necessário licenciamento ambiental e a compra de materiais com valores altos. “Se você faz as melhorias ao longo de anos este valor é diluído, mas o fato é que as coisas acumularam. Esta queda da eficiência do tratamento espera-se que vá aumentando paulatinamente até as coisas voltarem a funcionar como funcionavam anos atrás”.
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Segundo o diretor-técnico da Emasa, estão sendo cumpridas as ações determinadas pelo TAC. Entretanto, a eficiência da ETE ainda é baixa em relação a capacidade máxima, variando de 40% a 60%.
“O tratamento que estamos realizando hoje é o tratamento físico-químico. A literatura demonstra que esse tratamento não tem eficiência necessária para atingir aquilo que a legislação determina, mas quando iniciou-se esse processo, houve o consentimento do IMA que a única solução que existia neste momento seria estar realizando esse tratamento com a capacidade reduzida”.
Alexandre também explica que, atualmente, os projetos pactuados junto ao IMA, foram finalizados. Agora, está na fase de finalização do Termo de Referência para que sejam lançadas as licitações.
Problema conjunto de Balneário Camboriú e Camboriú
O problema da balneabilidade e, consequentemente, do Rio Camboriú atinge os municípios de Balneário Camboriú e Camboriú. Ao longo dos anos, Balneário Camboriú desenvolveu um sistema de coleta e tratamento de esgoto, sendo que a cidade alcançou 100% da coleta. Enquanto em Camboriú, não há coleta e nem tratamento de esgoto.
Entretanto, o professor acredita que ambos são responsáveis pela situação atual do Rio Camboriú. “Camboriú é uma cidade que não trata esgoto, mas Camboriú tem uma população menor. Se, por exemplo, Balneário tratar 50% do seu esgoto, ele dá uma contribuição para o Rio Camboriú tão grande quanto Camboriú”.
Schwingel vê a necessidade de que Camboriú comece a tratar o esgoto, devido, principalmente, ao aumento populacional. Além disso, é necessário, segundo ele, que Balneário Camboriú consiga voltar a capacidade máxima no tratamento para que, então, haja um bom relacionamento com o meio ambiente nas duas cidades.
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Confira as entrevistas na íntegra: