A investigação do Ministério Público (MP) sobre possíveis irregularidades na Fundação do Meio Ambiente de Camboriú (FUCAM) segue acontecendo. O ex-presidente, Valmor Dalago, concedeu uma entrevista exclusiva à Rádio Menina pela primeira vez após três meses afastados do cargo.
De acordo com a investigação, houve, por parte do ex-presidente e um servidor, o crime de falsidade ideológica em uma licença emitida. Dalago conta que a investigação surgiu através de uma denúncia feita ao Ministério Público para que a Polícia Ambiental verificasse a regularidade de uma explosão de pedra com dinamite, em uma obra no bairro Cedro.
Segundo ele, a Polícia Ambiental esteve no local, junto com o exército, e ambos constataram que a denúncia não procedia. Entretanto, durante o trâmite, foi realizada uma denúncia de dentro da FUCAM informando que a licença para essa obra era falsa.
“Não era falsa, a licença existiu, só que ela estava em duplicidade, porque todo o processo ainda é físico, quando o funcionário faz a licença, tem que anotar no livro. O funcionário que fazia isso na época estava viajando de férias. Eu pedi para outro funcionário fazer essa licença. Naquele dia, eu fui viajar para Minas Gerais e quando voltei assinei a licença, mas eu não sabia que o trâmite estava errado, e aí veio outro pedido de licença e foi anotado o mesmo número. Então tinham duas licenças com o mesmo número”.
Com isso, iniciou-se uma investigação acerca da licença. Dalago informa que o prefeito Élcio Kuhnem (MDB) chamou ele e contou sobre a investigação. Segundo ele, ambos entraram em acordo pelo afastamento do ex-presidente por três meses e após esse tempo, se não tivesse provas de irregularidade, ele voltaria ao cargo. “Foi o que eu fiz, ontem fez três meses”.
O ex-presidente diz que entregou ao Ministério Público, por espontânea vontade, uma defesa uma semana após ser exonerado. “Minha parte foi feita corretamente”. Quando questionado sobre existir empresários que tentam utilizar de recursos irregulares, como propina, para conseguir licenças de forma rápida, ele afirma que sempre existe, mas que nunca fez algo que não fosse transparente na FUCAM.
Após isso, uma nova questão surge na denúncia relacionada a um servidor que, de acordo com a investigação, teria facilitado o processo dentro da FUCAM para alguns empresários. Dalago nega ter conhecimento desta ação enquanto estava à frente da fundação.
“Eu questionei ele e me disse que é uma assessoria. O empresário chamou ele e ele ajudou a fazer o trâmite. Ele me disse que na prefeitura isso é normal, eu nunca fiz, então não posso falar. Ele confessa que recebeu por isso, mas não tem nada a ver com o presidente, eu só fui saber que ele recebeu por isso agora há pouco tempo”.
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Ele diz ter ficado decepcionado com toda a situação após o trabalho que vinha fazendo na fundação durante os dois anos e meio que foi presidente. Dalago também não sabe se voltará para a fundação devido a questão política de 2024.
“Olha tudo que a gente fez. Vinha de um projeto muito bonito, demos uma cara nova na FUCAM e acontece isso. Claro que a gente fica decepcionado. Por um erro de terceiros, você acaba sendo punido”.