Reconhecida internacionalmente pelos prédios que entram na lista dos maiores do mundo, Balneário Camboriú possui mais da metade da população morando em apartamentos. A nível nacional, a cidade é a segunda colocada, atrás somente de Santos (SP), de acordo com o censo do IBGE de 2022.
Coincidentemente, ambas as cidades são conhecidas, também, pelo litoral e belas praias. Junto com o mar, a área verde nas duas cidades é alta. Segundo o censo, em Santos 75,15% das ruas são arborizadas, enquanto em Balneário Camboriú o percentual fica em 71,84%.
A cidade catarinense, apesar de ficar, novamente, em segundo lugar em comparação com o município paulista, é a cidade mais arborizada do Litoral Norte Catarinense, composto pelas cidades de Itapoá, São Francisco do Sul, Balneário Barra do Sul, Barra Velha, Balneário Piçarras, Penha, Navegantes e Itajaí.
A nível nacional Balneário Camboriú também está à frente. De acordo com o censo, o Brasil possui um percentual de 66,56% de arborização.
Confira os dados:

Para o secretário do Meio Ambiente, Nelson Oliveira, a cidade está no rumo certo, unindo o crescimento com a preservação ambiental. Ele reconheceu a importância do índice, porém, ainda deseja que o número seja maior, com a plantação de novas árvores pela cidade.
“Para melhorar ainda mais o índice nós vamos fazer um mapeamento na cidade para plantar onde não tem. Vamos estabilizar com eles (Secretaria de Planejamento) esse plano de ação para plantar onde não há rede de elétrica, nem área de serviço na parte de baixo para que não cause nenhum problema”, informou o secretário.
Apesar dos dados colocarem Balneário Camboriú acima do índice nacional, a engenheira ambiental Letícia Rabelo acredita que eles não demonstram a realidade da cidade. Segundo ela, além das árvores presentes no município não serem nativas, elas são pouco equilibradas.
“Talvez esses dados tenham sido relacionados a algumas avenidas, como a Atlântica, que acaba concentrando uma quantidade maior de árvores, embora essas árvores também não sejam nativas”.
Para a engenheira, faltam parques e praças com um concentrado de áreas verdes. “A gente tem só o Parque Ecológico Raimundo Gonçález Malta, atrás do hospital Ruth Cardoso, mas na região mais urbana não temos”.
O secretário afirmou que devido a falta de espaço em Balneário Camboriú, a possibilidade de se criar uma nova área ecológica é baixa. No entanto, ele pretende ampliar a divulgação e melhorar as condições do espaço já existente – Raimundo Malta.
Impactos das árvores no dia a dia da comunidade:
A engenheira ambiental Letícia Rabelo explicou algumas das importâncias das árvores no dia a dia. Proporcionando sombras, as árvores têm a capacidade de regular a temperatura, diminuindo o calor nas cidades e proporcionando conforto térmico para pedestres e espaços urbanos.
Recentemente, em 2024, devido às queimadas na região Norte do país, foi possível perceber como a má qualidade do ar afeta a saúde da população. A especialista informou que as árvores possuem também esse poder de purificar o ar e aumentar, consequentemente, a qualidade, favorecendo o bem-estar geral e reduzindo problemas respiratórios.
“Se as árvores são responsáveis em gerar oxigênio para a gente respirar, então vamos plantar árvores. Mas não se faz essa relação básica. Então, a gente tem só gerado CO2 (gás carbônico – emitido na queima de combustíveis fósseis e biomassa, nas mudanças de uso da terra e em outros processos industriais), não convertido em oxigênio e, com isso, a nossa saúde, a nossa qualidade de vida só piora”, explicou.
As árvores também são essenciais na prevenção de enchentes, devido às raízes que ajudam na absorção da água da chuva, reduzindo o volume de água que acumulam no asfalto, por exemplo.
Crédito de carbono:
O comércio de crédito de carbono é um mercado global que tem como objetivo compensar as emissões dos gases que causam o efeito estufa e, consequentemente, reduzir o aquecimento global.
De acordo com o secretário, existe em Balneário Camboriú um software que auxilia na na manutenção das árvores presentes na cidade. Porém, há possibilidade de ampliar o funcionamento deste programa para que ele mapeie as árvores no município e consiga contabilizar a geração de crédito de carbono.
“A gente visualizou a possibilidade de ampliar e contemplar a questão do mapeamento para uma outra alternativa que seria creditar, ou seja, fazer a contabilização da geração de crédito de carbono. Eles (responsáveis pelo software) nos deram mais seis meses para que a gente consiga consolidar essa ampliação”.
O dado utilizado para a reportagem é do Censo IBGE 2022. Para calcular o percentual, foram analisadas a quantidade de arborização no entorno de domicílios particulares e permanentes, ou seja, aqueles que as pessoas residem anualmente e não imóveis a serem locados ou de veraneio.