A máxima do “Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço” chegou ao limite do provável nesta semana na nossa região. Os discursos mais inflamados foram capazes de convencer quem não conhece os bastidores da política ou tem memória curta para este tipo de assunto.
Em Camboriú, o prefeito que reclamou de dívidas da administração anterior, pegou 16 e agora quer pegar mais 20 milhões de reais emprestado sem explicar no que vai usar. Tem o projeto da Câmara de Balneário Camboriú que quer acabar com uma prática que nem eles seguem. E também a candidatura ao governo do Estado que não era tão mentira assim.
Associações
O vereador Marcelo Achutti está querendo propor um projeto que proíbe que membros de associações de bairro sejam nomeados no executivo e no legislativo. A ideia é boa, o problema é de onde partiu essa iniciativa. Em resumo, Marcelo Achutti quer proibir algo que ele mesmo pratica. Sim, o vereador tem nomeado em seu gabinete o vice-presidente da Associação de Moradores do São Judas. Até o ano passado, Achutti tinha em seu gabinete o presidente da mesma associação. O seu colega de partido, Elizeu Pereira, tem em seu gabinete o presidente e o vice-presidente da Associação de Moradores do Nova Esperança. Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.
20 milhões
Além dos 16 milhões pegos emprestados do FINISA em 2019, o prefeito Elcio Kuhnen quer pegar mais 20 milhões emprestados do mesmo fundo. O mais interessante é que ele quer um cheque em branco, sem nem explicar onde vai aplicar esse dinheiro e muito menos quanto vai custar isso com os juros. Logo Elcio que sempre criticou as dívidas da antiga administração. Logo Élcio que teve as contas reprovadas pelo TCE e até agora não mandou para a Câmara votar. Enquanto isso, a obra da Av. Santa Catarina completa 4 anos sem ser concluída.
Mentira que não era mentira?
Na coluna do dia 25 de junho relatei a conversa que tive com um conhecido meu, influente no governo e nas composições políticas do Podemos de Balneário Camboriú, que me disse que em momento algum Fabrício Oliveira se lançou a governador. Fui chamado de mentiroso por tabela e me foi dito que tudo não passou de especulação e um factoide criado por colunistas.
Ai sou surpreendido com uma declaração do próprio prefeito para o colunista Moacir Pereira, em que fala bem empolgadinho sobre a possibilidade. Não demorou muito para comissionados e simpatizantes distribuírem em grupos a parte da fala do prefeito com a declaração “Prefeito Fabrício Oliveira de Balneário Camboriú, admite que pode ser candidato ao governo de Santa Catarina.”. O vídeo foi compartilhado também pelo “mensageiro” do governo, em horário de serviço, na lista da transmissão de apoiadores. Mas não era mentira?
Lei para o bom senso
Um projeto do vereador Eduardo Zanatta quer tornar lei o que deveria ser uma simples prática de bom senso. Não divulgar fake news ou distribuir fatos distorcidos é o mínimo que uma pessoa com mais de dois neurônios deveria fazer. Ter que criar lei para isso? Pior é ver assinando, um vereador que apoiou a colagem dos cartazes que falava que 5kg de arroz custava 40 reais. Piada.
JUCESC
A indicação da nora do senador Jorginho Melo em um conselho da JUCESC levantou uma indignação seletiva entre rodinhas de conversas. Claro, o fato do Senador ser um grande apoiador de Bolsonaro foi fundamental para os paladinos da justiça protestarem. O filho do deputado Maurício Eskudlark era gerente do IMA de São Miguel do Oeste e os mesmos não deram um pio. O assessor da deputada Paulinha participou de uma licitação do estado e os mesmos não falaram nada. Alias, a ex-mulher do prefeito de Porto Belo é nomeada no gabinete de Paulinha faz tempo e ninguém deu um pio.
O irmão do prefeito de Camboriú é nomeado no gabinete de um vereador do MDB da mesma cidade e os mesmos não falaram nada. E a esposa do prefeito de Camboriú nomeada em gabinete de vereador de Camboriú, não vão falar nada? Essa indignação seletiva dos demagogos de plantão é que me deixa pasmo.
Brasil é um Circo
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD), mandou prender o ex-diretor do Ministério da Saúde Roberto Dias. A alegação de Aziz é que o diretor estava mentindo. Aziz, ao lado de Renan Calheiros, mandando prender alguém por um suposto pedido de propina, é uma grande piada. Isso acontece poucos dias após a Polícia Federal indiciar Renan Calheiros pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro sob acusação do recebimento de R$ 1 milhão da Odebrecht em troca do apoio a um projeto do interesse da empreiteira no Senado. Chega a dar nojo. Os palhaços somos nós.